terça-feira, 21 de agosto de 2012

Uma constelação

Era noite! Uma linda, estonteante e magnífica noite de sábado. Assim como nos últimos quinze anos uma jovem caminha pela orla da praia para se despedir de mais uma semana que chega ao fim. Seus passos conhecem bem o caminho e por isso pisam firme, mas não apressados. Nunca apressados. Cada desnível, cada buraco, cada desvio no trajeto ela sabe de cor, poderia fazê-lo de olhos fechados. Porem qual seria a graça? Contemplar as estrelas era incrível, sentir o som das ondas do mar emudecer o resto do mundo, experimentar o silencio absoluto em meio a carros buzinando era algo inefável. Entretanto, há algo de diferente hoje, há algo triste ali... Seus pensamentos vagam num passado distante, forçando-a a reviver em sua memória a primeira vez que caminhou por aquele calçamento. Estava para completar seus três anos de idade, tinha perdido sua mãe há quase dois meses e era criada sobre os cuidados do pai que a mimava e a amava tanto quanto ele poderia. Certa noite, noite de sábado, ele estava em casa, em seu escritório, terminando de rever alguns papéis do trabalho, quando escutou a pequena menina chorando. Desesperado ele correu ao seu encontro e a achou em seu quarto apertando uma foto de sua mãe contra o peito. Entre choros e gemidos ela resmungava que sentia falta dela... Ele, sem saber bem o que fazer porque ele mesmo já esteve no lugar da filha por inúmeras vezes desde que perdera a esposa, chamou a pequena desesperada para uma caminhada na praia. Assim começava uma tradição que se repetiu religiosamente nos últimos quinze anos. Ele contou à filha que também sentia muitas saudades da mamãe, mas que sabia que ela ainda estava com eles, bastava procurá-la entre as estrelas. Ele disse que cada estrela é alguém que morreu e deixou entes queridos para trás. “Mas como vou saber qual é a mamãe?”, perguntou a menina ao ouvir a história. “Procure pela estrela que brilha mais!”, respondeu o velho. E ambos ergueram seus olhos para a imensidão e ficaram assim por muito tempo. Quando continuaram o caminho, eles combinaram que todo sábado a noite sairiam para caminhar e se encontrar com aquela que tanto fazia falta. A criança, hoje, põe pé ante pé, como sempre, mas seus passos são arrastados. Seus olhos ainda buscam as estrelas, mas há neles um sentimento de perda. Os carros a assustam e o caminho parece querer lhe pregar peças fazendo-a tropeçar vez ou outra. A menina está sozinha, pela primeira vez em quinze primaveras ela caminha sozinha. Seu par não está ao seu lado. Seu pai não esta ao seu lado. Seu pai está morto. “Foi se juntar à mamãe... Agora tenho uma constelação olhando por mim...” pensava a menina com lágrimas nos olhos.

sábado, 17 de março de 2012

Difícil entender?

"Estou aqui! Estou aqui agora, então não me fale do passado. O que aconteceu aconteceu, não se pode fazer nada quanto a isso. Nada que se fale ou faça mudará os fatos. E os fatos são que ambos erramos. Você errou quando partiu, eu quando não fui atras de você. Errou quando acreditou que nunca daria certo. Errei quando provei que estava certa. Mas o passado não faz o presente. Nós o fazemos! então façamos direito, façamos como deve ser feito. Agora abaixe suas armas, quebre essa barreira, venha para meus braços que é onde quer estar, acredite em mim e pare de inventar desculpas. Agora confesse que me ama!"

quarta-feira, 14 de março de 2012

Luxúria

A noite tinha se iniciado cinza
E as estrelas brincavam nas nuvens,
Que, sopradas pelo vento,iam dirigindo-se para um horizonte distante,
Tão distante quando o amanhã.
A Lua cheia pouco a pouco se assanhava na vasta imensidão do céu,
O qual começava a ficar tão negro quanto o futuro certo do casal que contemplava-a.
Eles estavam deitados apenas com o Universo no plano de visão.
Ao fundo uma música tocava,
Mas eles não ouviam,
Pois era abafada pelos suspiros e sons emitidos a cada toque do parceiro.
As mãos viajavam e exploravam lugares proibidos aos olhos.
Os beijos eram intensos e acendiam os corpos.
Que respondiam pedindo por mais.
E mais era lhes dado,
Provocando uma avalanche de luxuria e desejos que eram materializados em suor
E expressos em gemidos surdos.
Os músculos se contraiam, as veias e artérias dilatavam,
A adrenalina subia e a libido era saciada.
A cada investida de prazer, as mentes iam nas alturas,
Transmutavam por mundos irreais,
Mundos onde o agora dura para sempre!