sábado, 29 de maio de 2010

Separação


Hoje, quando o despertador começou a tocar, abri os olhos lentamente como em toda manhã. Respirava devagar e senti que havia algo estranho no ar. Não consegui saber o que era. Não era nenhum odor, era como se o ar estivesse pesado... O despertador continuava tocando, esperei que você o desligasse – com faz todas as manhãs – porem não aconteceu. Imaginei que você já estivesse acordado e tinha ido tomar banho. Então o desliguei. Levantei. Fiquei algum tempo ainda sentado na cama, tentando acordar de fato. Tentei lembrar-me dos meus compromissos e do dia anterior para me situar. Senti que algo estava faltando. Fiquei de pé. Fui até o banheiro para te desejar um bom dia e te dar um beijo, assim como em todos os dias. Banheiro vazio. Conclui que você acordou cedo devido a um daqueles pesadelos terríveis que te roubam o sono noite ou outra e já tivesse tomado banho. Aproveitei que estava ali e fui me lavar. A água quente foi de alguma forma refrescante. Eu ainda sentia uma sensação terrível sem motivo aparente. Desci. Vi que você também não estava tomando seu café da manhã. Ainda procurei na sala e na varanda, mas nada de te encontrar. Tomei meu café pensando se você teria dito algo sobre sair mais cedo hoje. Não consegui me lembrar de nada. Provavelmente você precisou ir mais cedo para o hospital, talvez pata alguma cirurgia de emergência. Terminei meu café e fui para o trabalho. No carro tente te ligar, por algum motivo eu precisava dizer que te amava e que queria almoçar com você naquele restaurante que você adora. Ficou chamando até que caiu na secretaria eletrônica. Deixei um recado e desliguei. Esperei que você me retornasse a ligação. Quando chegou a hora do almoço liguei novamente. De novo caiu na secretaria. O resto do dia foi assim, ligações não atendidas e mensagens gravadas no celular. No caminho de volta, ao passar por um supermercado, pensei que você iria chegar em casa com muita fome, pois a rotina do seu trabalho é desgastante. Comprei um bom vinho, uma boa carne para assar e tudo mais que seria preciso para preparar um bom jantar. Chegando em casa preparei tudo. Uma mesa com velas, um vinil de Beethoven ao fundo. Sentei e esperei você chegar. A mesa dava de frente para a porta e para ela fiquei olhando, ouvindo o Mágico dos Pianos e bebendo vinho. De repente o telefone toca, não fui atender, não queria que algo perturbasse a noite que eu planejei. A ligação caiu na secretaria. Espantei-me ao ouvir sua voz dizendo que não queria que eu te ligasse e que quando disse que estava tudo acabado, falava serio. Escutei aquilo perplexo. Mas ouvindo isso ficou tudo mais claro. Entendi o vazio que passei o dia sentindo, percebi que o cheiro que eu sentia era de solidão, parece que eu podia te ver saindo pela porta. Aceitei que você agora era apenas uma cadeira vazia numa mesa posta para dois. Comecei a jantar. O assado estava com um bom gosto, mas desceu como serragem pela garganta. A garrafa de vinho foi esvaziada. Subi. Fui para o quarto e me preparei para dormir. Olhei para sua foto na cômoda e antes de pegar no sono, disse: “Até amanhã meu amor”.

domingo, 23 de maio de 2010

Simplesmente...


Incrível como existe pessoas capazes mudar seu dia.
Não importa os problemas e as tristezas que se tenha,
Ela consegue te fazer ficar bem
Apenas com sua doce presença.
E não importa o quão bom com as palavras você seja,
Nunca conseguira mostrá-la o bem que ela te faz.
Porque coisas assim não podem ser expressas
Por palavras, gestos ou olhares.
Simplesmente se sente.
Mas é tão mágico, tão maravilhoso,
Que você deseja que essa pessoa nunca vá embora,
Pois quando ela se vai, leva junto um pedaço de você.
Pedaço que faz falta... Que faz sofrer... Que faz chorar.
E por mais que você tente,
O momento em que estão juntos é curto e passa voando,
E quando você se der conta,
A mão já não a alcança, suas palavras não são ouvidas,
Suas lagrimas não são vistas e uma parte do seu coração foi com ela.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sempre com você


Você esta longe,
Mas por mais que nossos olhares não se cruzem,
Meu coração enxerga o seu.
Por isso que ler suas cartas com pingos de lagrimas,
Também me faz chorar.
Prometi que sempre estaria com você
E isso é promessa pra toda vida.
Se a vida pesar em seus ombros,
Ofereço-te os meus para dividir a carga.
Se as lagrimas te turvarem a visão,
Ofereço-te as mangas de minha camisa para secá-las.
Se um dia o desanimo cobrir seus dias,
Farei o impossível para ver um sorriso em sua face.
Se você sentir que não conseguirá
Transformar seus sonhos em realidade,
Disponho-me a sonhar com você,
Para que juntos o façamos real.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Tristeza


De onde veio toda essa tristeza?
Ela chegou silenciosamente
E pouco a pouco foi tomando seu coração.
Não sabe como surgiu
Nem sua razão de ser,
Mas ela esta ali.
Olhe como ele se mantém firme...
Porque ele não cai?
A maioria das pessoas cairia.
Mas ele prefere seguir,
Prefere engolir as dores,
Rir um sorriso falso,
Criar uma alegria visivelmente triste.
Seus passos estão se arrastando,
Sua voz está chorando,
Seu olhar está perdido.
E tudo isso por uma tristeza ignota.
Ele é forte, segurar as dores não é fácil.
Ele é idiota, ninguém deve ter que suportar
Coisas assim sozinho.
Ele é reservado, não gosta de se mostrar.
Ele é estúpido, guardar não irá ajudá-lo.
Ele é triste.
Sim, concordo, ele é triste.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Vende-se


“Vende-se”. Era o que estava escrito na placa de boas vindas pregada na porta de minha antiga casa. Passei 15 anos longes, estudando e trabalhando. Não há nada melhor do que, depois de tanto tempo, se sentir em casa. Eu estava extasiado. Meu coração passou a viajem toda pulsando de alegria. Aquele simples escrito foi um balde de água fria no meu entusiasmo. Mesmo após todos esses anos morando fora, não posso deixar de me sentir em casa quando olho aquele conjunto de lembranças materializadas.
As portas e janelas convidam-me a entrar e eu aceito o convite – afinal foi para isso que voltei. Para cada canto que olho memórias surgem. O cheiro de nostalgia inundava meus sentidos. Sentia aquele emaranhado de tijolo e concreto falar comigo. Pelos cômodos da casa, apareciam lembranças quase vivas. Vi-me, quando menino, passar correndo quase me atropelando, depois vi meu irmão que corria atrás de mim porque eu tinha quebrado seu carrinho. Vi-me também deitado em minha cama de beliche olhando para o teto, eletrizado pela primeira paixão.
Tocando as paredes eu podia ouvir os sons de minha infância. Ouvia todos os risos, os choros, os gritos, as piadas, tudo. Quando cheguei à cozinha vi minha mãe fazendo meu bolo preferido e eu, ansioso, esperando sentado na bancada, provavelmente eu atacaria-o antes que ele esfriasse. Mamãe tinha o rosto sereno como sempre, ria-se das piadas que eu contava – eu tinha o dom de fazer as pessoas rirem, lamento tê-lo perdido. Não resisti e tentei abraçá-la, mas como fumaça ela se dissipou. Nesse momento vi meu pai que acabara de chegar em casa, assim como antes não me contive e tentei abraçá-lo, mas também o vi desaparecer. A essa altura as lagrimas já rolavam e seria inútil tentar conte-las.
Parece que o choro bloqueou a fantasia e me fez ver a realidade como de fato era: uma casa vazia de moveis, porém cheia de recordações. Ao sair da casa, parei novamente à sua frente, a imagem daquela velha construção era hipnotizante para mim. Li mais uma vez a placa que com poucas letras se desfazia de muitos momentos que me tiraram o fôlego e a voz.
Porem não importa se vão ou não vender a casa. Vigas, massa, tijolos, cimento, tudo isso pode ser vendido, mas a infância que aquela velharia conserva, não há dinheiro que pague nem vida que esqueça.

segunda-feira, 3 de maio de 2010


E agora, o que fazer?
Já não somos os mesmos
Teus carinhos não adiantam
Pois parei de senti-los
Tuas palavras não me alcançam
Nossa frieza nos distanciou
Sentimentos não nos dão prazer,
Este só conseguimos através da carne.
Pedir perdão é irrelevante.
Nosso passado é imutável,
Então pare de lamentar-se.
Se quiseres ir, vá!
Mas antes de partir,
Dê-me mais um abraço,
Deixe-me, uma vez mais,
Deitar no globo do teu peito,
Sussurre palavras desconexas no meu ouvido,
Permita que aos poucos
Eu acelere tua respiração,
Faça teu corpo contrair,
Teus olhos mirarem as estrelas
E, de súbito, te relaxar.
Depois, quando a aurora despertar-te,
Parta, pois o que nos unia
Extinguiu-se com ultimo suspiro da noite.