domingo, 23 de janeiro de 2011

O alcançar do infinito


Era uma noite de céu límpido e as estrelas e a Lua bailavam no céu. Porém isso não tinha importância alguma para um jovem rapaz que, deitado em sua cama, via as horas se arrastarem e pedia a Deus que acelerasse o tempo. Sua cama, velha e frouxa, rangia ao mínimo movimento, por isso o jovem estava estático, completamente paralisado a contemplar os manchas de infiltração que decoravam o teto de todo o apartamento. Cansado de esperar a manhã chegar, levantou-se, e foi em sua procura.
Quando chegou à rua, lamentou-se por não ter posto um casaco, pois a madrugada estava fria e os vapores de sua respiração subiam como se fizessem parte do seu intimo que clama por liberdade. Não sabia ao certo onde queria ir, só uma coisa estava perfeitamente decidida: ele tinha que sair dali, precisava se distanciar daquelas paredes que o sufocava.
Olhou para sua direita e viu a rua que subia mais para o interior de seu bairro. Olhou para a esquerda e viu, ao longe, o infinito. Por um momento desejou poder alcançá-lo. Imaginou que lá seria um lugar onde a única coisa possível de se escutar seria o silencio absoluto, o silencio pelo qual ele passou as ultimas semanas rezando. Decidiu que seria para lá que caminharia, mesmo sabendo que nunca chegaria nem perto do seu insano desejo.
Pôs as mãos no bolso e se afundou na blusa que vestia e pôs-se a caminhar. No começo da viajem observava o chão, mas percebeu que entre observar o chão da rua e observar o teto de seu quarto, era melhor observar o teto. Pelo menos ele estaria deitado e aquecido. Então olhou para frente. Nessa hora viu que se aproximava de um casal que caminhava na direção contraria a sua. Tentou analisar as características físicas do casal, mas foi impossível. Não conseguiu desgrudar os olhos do sorriso da mulher e nem do brilho nos olhos do homem. Supôs que aquilo fosse felicidade em seu mais simples significado. Ficou em certa parte constrangido em não conseguir desviar o olhar, mas decidiu que não se importava. Ele não se importava com as opiniões dos outros sobre ele, pelo menos não por aquela noite.
Depois de passar pelos apaixonados seguiu seu caminho. Não deu nem dez passos quando percebeu que uma senhora passeava com seu cachorro pelo outro lado da rua. Ficou, lógico, intrigado por ver uma senhora de idade dando uma voltinha com seu poodle em plena três da manhã. Presumiu que não poderia ser porque o animal passou a ultima uma hora latindo, pois a mulher exibia um sorriso de prazer na face. Questionou-se se aquilo também poderia ser considerado um sinônimo para felicidade. Parou uns instantes para admirar a cena.
Quando recomeçou sua caminhada percebeu que não poderia ir muito mais longe, pois chegara á calçada da orla da praia. Mas ele não se deteve ao ver que a sua frente só havia areia e depois desta, água. Continuo seu caminho. De sapato mesmo ele começou a pisotear a areia que fazia um agudo som a medida que seus passos a comprimia. Seus olhos estavam presos ao horizonte. Queria, em seus devaneios, ir andando até alcançar o Sol. Queria ir pra um lugar onde só existisse ele e seus pensamentos. Deu mais uns passos até ficar com a água pelos joelhos - sequer se importou em retirar os sapatos.
Seus olhos ficaram fixos na água e exibiam uma luz única que, se ele pudesse ver, passaria horas contemplando. Devagar foi colocando a cabeça para trás com seus olhos percorrendo o céu. Viu estrelas, invejou-as. Viu cometas, pediu carona. Viu a Lua, apaixonou-se. Passos pra trás. De volta a areia. Um corpo pendendo em direção ao chão, de braços abertos e olhos fixos no astro símbolo dos apaixonados. Ele cai! Fica ali por minutos que pareceram horas. Vez ou outra se arriscou em falar algumas palavras para o céu. Teve vezes que ele podia jurar ter tido respostas. E então, pensando na felicidade, percebeu que aquilo também podia ser um dos seus sinônimos.
Quando o dia começou a raiar foi que ele percebeu que tinha alcançado seu sonho. Depois de seu dialogo com a lua percebeu que tinha alcançado o horizonte. Descobriu que o infinito está dentro de nós e que basta nos descobrirmos para descobrir o que se esconde além do arco-íris

3 comentários:

Kaline disse...

Tão perfeito esse texto! *-*
Simplesmente excepcional como você!
''o infinito está dentro de nós e que basta nos descobrirmos para descobrir o que se esconde além do arco-íris''

viu que pra você o infinito é mais do que alguns infinitos átomos! haha

te adoro meu Lindo!

Bernadete disse...

incrível a simplicidade e beleza desse texto =)

Sempre soube que vc alcançaria o infinito, e sei também que vc mais que ninguém pode ir muito além dele!

Anônimo disse...

Lindo esse texto! AMEI ^^
saudade (:


Kamilly :D