quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Amor não tem idade!


Numa cidadezinha do interior do estado um jovem se deparou com um senhor já de idade bem avançada, que estava escrevendo um poema de amor, ele achou estranho um pessoa daquela idade escrevendo tal tipo de texto e perguntou:
— o senhor é poeta?

— não! por quê? — respondeu

— porque reparei que o senhor está escrevendo um poema.

— é que hoje é aniversário da mulher que amo e resolvi presenteá-la com isso.

— mas o senhor não acha que já passou da idade de ficar escrevendo poemas? — perguntou inocentemente o rapaz.

— por quê? Você acha que só por ter esses cabelos brancos e essas rugas meu coração já não é mais capaz de amar ou que o amor tem prazo de validade? — perguntou o senhor com toda paciência e tranqüilidade típicas de pessoas com aquela idade.

O jovem ficou com muita vergonha pela mostra de preconceito que tinha acabado de fazer e se apressou em pedir desculpas.

— não precisa se desculpar, todos cometemos erros, mas é preciso que eles nos sirvam de exemplo para que não os cometamos de novo. Mas eu entendo o seu espanto, a sociedade atual não está acostumada a coisas como essas.

— mas ainda assim tenho que me desculpar. Eu não tenho o caráter tão falho como acabo de demonstrar, só que a imagem de ver uma pessoa da sua idade fazendo poesia em uma praça movimentada como essa me causou um certo estranhamento. Mas é fato que eu acho até bonito de se ver... Só uma coisa que não entendo é o que motiva uma pessoa a fazer isso, isto é, qual o sentimento inspirador que pode levar uma pessoa a andar por aí a fazer poemas.

— isso eu lamento não poder explicar porque como já disse Carlos Drummond de Andrade “Se você sabe explicar o que sente, não ama, pois o amor foge de todas as explicações possíveis”. Só posso dizer que se um dia você vier a sentir um amor como o que sinto, vier a sentir um amor que aquecerá o sangue de seu corpo, que dará luz a sua vida e trará paz a sua alma, você entenderá do que estou falando e o que é se sentir assim.

— “Não há ninguém, mesmo sem cultura, que não se torne poeta quando o Amor toma conta dele” — murmurou o jovem para consigo mesmo.

— perdão?

— Ah! Não é nada. Só estava a me lembrar de uma frase de Platão que dizia que qualquer um quando ama é capaz de se tornar poeta.

— deveras é verdade. — concordou o senhor.

— pois bem, espero um dia poder entender o significado real da palavra amor. Mas agora tenho que ir, deixarei o senhor terminar a poesia para sua amada. E obrigado pela lição, lembrar-me-ei disso. E transmita os meus parabéns a ela. Adeus.

— agradeço e torço para que você encontre alguém que te faça sentir como me sinto agora. Pode deixar que darei os parabéns. Adeus.

O jovem virou-se e começou a afastar-se, estava pensando no que tinha acabado de passar e desejava realmente poder entender do que o velho falava. Ainda deu uma olhada para trás para contemplar o amor que, apesar de não ser o dele, o enchia de um sentimento bom, talvez felicidade.

Passado muitos anos o jovem, que se mudara da cidade para a capital, voltou a ela para fazer visitas a familiares que continuavam residindo ali. Estava casado com uma bela mulher, que amava muito, e tinha dois filhos, que amava ainda mais.

No caminho para a casa de uma tia que insistia em conhecer os seus sobrinhos-netos ele passou pela mesma pracinha que, anos antes, ele tinha tido aquela tão singular conversa com velho poeta. Ao andar pela praça ele parou no ponto exato onde tinha presenciado pela primeira vez em sua vida o que o amor pode fazer a uma pessoa. Sentou no mesmo banco em que o senhor havia sentado e pensou: “Agora entendo o que o senhor dizia e sentia.”

A mulher e os filhos ficaram sem entender o que se passara e ele apenas falou: “aqui eu conheci o meu poeta preferido”

Essa resposta não explicou nada, mas eles não quiseram perguntar o que significava, apenas continuaram o caminho. Deram uns passos quando o rapaz, assim como no passado, parou e olhou para trás e, por um instante, viu a imagem do velho poeta com sua caneta tinteiro e um papel na mão escrevendo versos para sua amada.

Iuri Cardoso Genn de Campos

2 comentários:

Kakah disse...

Nossa,
quantos textos...
Perdi muita coisa...
Bom, comentarei de todos em um só pode ser!?
uhauhauhauhauhuahuhauha
Primeiramente, Adorei a narrativa...
Soube colocar muito bem as palavras e não se perdeu em outros caminhos. Para fazer uma narrativa, é complicado, mas mantendo um parâmetro você consegui finaliza-lo.
Os outros textos...
Bons... Super... Gostosos de ler... eu gosto de lê-los!

BJinhuss
até a próxima!

Kaline disse...

ahh, quando eu li esse texto, vcnem percebeu!
mas fiquei toda arrepiada. acho q eu vivi cada palavra sua.
beijos